Imagina-se adentrando em um labirinto de pedra, onde estalactites e estalagmites se erguem como esculturas abstratas, forjadas gota a gota ao longo de milênios. Rios cristalinos que escavam lentamente novas passagens na rocha. É quase um ambiente alienígena e, no entanto, surpreendentemente vivo e pulsante. Trata-se do Mammoth Cave National Park, ou seja, o sistema de cavernas mais extenso do mundo!
400 km abaixo da terra: o incrível reino escondido de Mammoth Cave
As Mammoth Cave são o resultado de um processo geológico fascinante, iniciado há cerca de 350 milhões de anos durante o período Mississipiano (após o certamente mais conhecido Devoniano). Na época, esta região era coberta por um vasto mar raso, no fundo do qual se acumularam camadas sobre camadas de sedimentos, principalmente calcário e arenito.
Mas como essas cavernas se formaram? A resposta deve ser buscada na ação contínua da água. Por milhões de anos, a água da chuva, ligeiramente ácida devido ao dióxido de carbono atmosférico, infiltrou-se nas fissuras da rocha, dissolvendo lentamente o calcário e criando vazios cada vez maiores.
Um processo lento, mas inexorável, que deu origem a um sistema de cavernas em vários níveis, cada um com características únicas.

A camada superior conhecida como Big Clifty Sandstone, é composta de arenito duro e impermeável. Aqui encontram-se passagens secas e desprovidas das clássicas formações calcárias. Mas é nas camadas inferiores, as calcárias de Girkin, Ste. Genevieve e St. Louis, que as Mammoth Cave revelam seu lado mais espetacular.
A água e a rocha correram por milhões de anos, criando uma quantidade inimaginável de formas e cores. Estalactites e estalagmites se unem em colunas majestosas, enquanto “drapes” de pedra parecem flutuar no ar como a formar cascatas rochosas.

Belo, sim, mas as Mammoth Cave não são apenas um monumento geológico. São também um frágil ecossistema, um habitat único para espécies animais raras como o camarão das cavernas de Kentucky, um pequeno crustáceo albino que vive apenas nessas cavernas e que hoje está em risco de extinção.
E depois há a história humana, um vínculo milenar que une o homem a essas cavernas. Os primeiros exploradores datam de mais de 6.000 anos atrás, mas suas histórias estão envoltas em mistério. A lenda diz que foram descobertas por acaso em 1797 por John Houchins, enquanto perseguia um urso ferido.
Mas já no ano seguinte, Valentine Simons começou a explorar as cavernas para extrair nitrato de cálcio, um componente essencial para a produção de pólvora. Foi o início de um profundo relacionamento entre o homem e as Mammoth Cave, um relacionamento feito de exploração, exploração e, finalmente, de conservação.

Claro, as Mammoth Cave também estão no centro de lendas e mistérios. Há quem diga que se estendem por milhares de quilômetros, até alcançar estados distantes. Mas a realidade é bem diferente: sabemos que o sistema de cavernas é delimitado por fronteiras naturais, como o Green River e o Sinkhole Plain, e que uma expansão tão vasta é improvável.